A necessidade de adaptar notícias importantes para uma linguagem mais simples, fez dos cordelistas grandes contadores de histórias. Através da popularização desse tipo de leitura, a utilização de desenhos populares para a ilustração dos folhetos ampliou o acesso da população analfabeta à literatura. As gravuras ganharam personalidade própria, unindo-se à literatura de cordel para retratar um campo em que a fotografia não podia penetrar: o imaginário sertanejo.
Para o pesquisador de História da arte da Fundação Joaquim Nabuco, José Brito, a xilogravura realizada no nordeste não é a mesma trazida pelos portugueses, a mais de cem anos. “Aqui ela tomou outras proporções, criou a sua própria identidade e se tornou maior que a xilogravura européia”, afirma Brito.
O time de grandes artistas tem suas contradições: de um lado a tradição, do outro a inovação. A identidade encontrada na tradição familiar pode ser uma grande aliada para novos artistas. Também é comum que a visão empreendedora e o toque pessoal estejam juntos. Com esses requisitos, o artesão dono de uma loja na casa da Cultura, Severino Borges, é um homem de visão. Após aprender tudo o que sabe com pai e tio xilogravuristas, Amaro Francisco e J. Borges, Severino Borges resolveu investir na carreira. “Eu estava desempregado quando meu pai me incentivou a virar artesão”, disse. O xilogravurista ainda faz trabalho para cordel, mas apresenta inovações. “Sempre gosto de criar novos produtos. Trabalho com artesanato de um modo geral. Minhas gravuras vão além do tradicional”, afirma Borges.
Enquanto alguns mantêm a tradição, a inquietação transforma o artista e amplia o seu repertório. Incentivado pela literatura de cordel, Gilvan Samico, um dos mais conhecidos xilogravuristas brasileiros, se aventurou no mundo do imaginário popular. “Conheci a literatura de cordel quando era menino. Desde então, tudo o que produzo é baseado em pesquisas para me aproximar do popular”, afirma Samico. Com um vasto repertório de temas, seu trabalho apresenta influência do expressionismo. “Sou compulsivo quanto à estética e não à reprodução. Se faço uma xilogravura que me satisfaz não tenho vontade de fazer outra. Esse é o meu tempo interior”, diz Samico.
2 comentários:
Eu to loka por uma bolsa com uma xilogravura linds...gente não posso passar nem na frente da feira de artesanato daqui de Caruaru...sim por sinal, muito bem escrito o post prima...
A xilogravura é realmente a expressão de seu povo, por isso sempre nos encanta ver artigos confeccionados com ela!!! Gosto muito e também pretendo comprar!!! Se encontrar uma bonita, compra pra mim prima!!!
^^
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